quinta-feira, 2 de junho de 2011

Despedida

Ontem a mortalidade me bateu à porta. O que na curto espaço da verdade eu tentei adiar. Ficou evidente pra mim em um dia claro de sol. O dia mais horrível da minha curta vida. O ser humano mais bondoso que eu amei se foi. Diante de todas minhas céticas ortodoxias pedi a minha própria razão um espaço para fé. Queria acreditar que meu amor não se perderia no limbo do espaço. Quero acreditar que eu ainda terei a oportunidade de dizer aquilo que eu nunca disse: "como eu te amo, João. Como eu sempre vou te amar". Eu sempre soube que esse dia iria chegar. Agora, mais do que nunca, sei que jamais estarei preparado. Jamais poderei evitar. Resta-me aprender com o que me dói mais agora.

Nos meus últimos instantes com você, dei risadas. Olhei com meu arrogante olhar de até breve. Agora, melancólico, não me resta outro olhar a não ser o de adeus. Desejo a todo instante acordar dessa realidade em que falta um pedacinho de mim. Falta você. Mas só me resta dizer, aqui mesmo, que você sempre estará comigo. Sempre.

Meu sincero "eu te amo". E eu sei que é Tarde.
A sua bênção, anjo pardo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Resquícios

Por que

das ideologias positivistas e socialistas;
das teorias astrofísicas e quânticas;
das regências sintáticas e jurídicas;
das ordens econômicas e religiosas;
das crenças ortodoxas e heterodoxas;

é em meio
ao perfume de teu cabelo,
quando minha boca,
delicadamente,
suspirava em sua nuca,
à espera de suas queixas,
esperadamente,
dissimuladas e sínicas,
que eu me perco?
Que eu me inqueito?
Que eu desejo?

domingo, 3 de abril de 2011

De fato

"Se eu quiser ser mais direto, vou me perder melhor deixar quieto..."









Claro como a lógica.
Lógico, como é claro.

terça-feira, 29 de março de 2011

Deixa estar

Não vou dizer que a paz é companheira, mas a minha espera ela estava ao fim do dia.
Não vou dizer que houve estranhamentos, mas pareceu-me íntima desde o início.
Não vou dizer que a serenidade anda ao meu lado, mas a serenidade era minha.
Não vou dizer que sou normal, mas a normalidade me era bem-vinda.
Não vou dizer que não me supreendo e, de fato, não houve surpresas.
Não vou dizer que sou negligente, mas propositalmente me levei.
Não vou dizer que é mentira, mas eu não acreditaria.
Não vou dizer que não avisara, mas avisou.
Não vou dizer que não fazia, mas fiz.
Não vou dizer e digo.
Não vou e fui.
Não e sim.

segunda-feira, 28 de março de 2011

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sensibilidade

I - Prólogo da aprendizagem

Em uma sexta-feira despretensiosa, dois amigos, sentados um a frente do outro, começam uma conversa sem finalidades convencionais. Bebem enquanto o amigo mais novo, atentamente, escuta o amigo mais velho. Esta poesia inserida em uma canção foi um dos pormenores de tal diálogo, que logo torna-se-á uma ficção. Por ora, os deixo com a inspiração:

[...]

Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo (além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar... Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora...

"Meu coração tem um sereno jeito

E as minhas mãos o golpe duro e presto

De tal maneira que, depois de feito

Desencontrado, eu mesmo me contesto

Se trago as mãos distantes do meu peito

É que há distância entre intenção e gesto

E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto

Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa

Mas meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta

Mais que depressa a mão cega executa

Pois que senão o coração perdoa"


poesia retirada de Fado Tropical.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Até logo


[...]

Tentando arrumar a bagunça do quarto, ele se deparou com um velho cd.
Certa vez conhecera uma menina doidinha, daquelas descoladinhas: toda errada.
Perfeita?!
Aquelas músicas todas hoje não fazem sentido pra ele. Fato.
Eram apenas recordações.
Mas aquelas recordações o tocaram.
O sensibilizaram.

Por descuido, sentiu seus olhos marejados.
Envergonhou-se por tal banalidade.

Sentiu a necessidade de escutar aquele velho cd.
Criou expectativas. O que mais poderia lhe reservar essas lembranças esquecidas.
O cd estava todo riscado. Logo na primeira música ele travou. Dois únicos versos.

"Você só me fez mudar
mas depois mudou de mim"



Rapidamente o "stop". Sacou o cd. Sorriu.
Visualizou o exato momento em que seu coração se despedaçou naquele pequeno parque.
Lembrou dela. Lembrou do primeiro amor.
Pensou que poderia escrever um romance daquela inspiração.
Em seguida, envergonhou-se. Novamente.
Olhou para o teto de seu quarto. Olhou a sua volta.
Afirmou e questionou:

Ainda há coração. Ainda há amor. Por que, então, aquela emoção? Do que sentia saudade?

Suspirou. Mexeu em outros livros antigos. Deles, cartas caíram.
Em meio o infinito particular, escutou sua mãe se aproximar.
Era seu último dia naquela casa. Ela viera perguntar o que ele queria levar.

Disse: nada.

Queria toda aquela exatidão.
Sempre. Um refúgio.
Suas toscas nostalgias.
Não abriria mão daquele universo. Daquele infinito.
Independente do seu valor (tinha noção que era quase nenhum).
Sua única amarra.

Ao fechar a porta daquele quarto teve uma única certeza.
Voltaria.
Deveria esquecer tudo aquilo para poder lembrar.
E quando lembrar, sentir novamente aquelas sensações.
Como se fossem inéditas.
Eram suas dores, seus sofrimentos, suas lágrimas, seus amores, suas paixões, suas tolices.
Eram elas que o acompanhavam. Elas que o construíram.
Era tudo seu e ninguém poderia compartilhar disso.
A solidão de uma juventude adormecera naquele dia.
Docemente ele iria se esquecer. Para sempre lembrar.

[...]




terça-feira, 23 de novembro de 2010

Revés


Fez-me mal ficar sem isso.
Fez-me mal querer alcançar o mundo com meus limitados abraços partidos.
Fez-me bem saber que o pânico pode vir das coisas mais singelas.
Fez-me bem entender que o linear do medo e da euforia confundem-se.

Fez-me desejar continuar isso.
Fez-me desejar ser este amador.

(Ama)a(dor) de palavras.
(De)ex(s)istindo de mim.

O diálogo incessante comigo mesmo continua.
Provavelmente não seja do teu interesse.
Sabiamente você pouco se interessará.
Toscamente irá me satirizar.

Assustadoramente eu vou te tocar.

(...)

Na minha falta de arte iludirei-me.
Na rima livre barata e dissimulada.
No não-planejamento de minhas ficções.

Criarei este universo para nós.

(...)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Extensões


Depois de algum tempo, aceitou abrir os olhos.
Era uma daquelas tardes embriagantes. O sol quebrava a coluna do céu em seu exímio brilho eterno. A mente ainda possuía lembranças. Erguia levemente a cabeça. Declinava o olhar buscando a tangente das cores inevitavelmente saborosas. Permitia-se a toda e qualquer interpretação. Ousava o caminhar surdo e lento.

Retirava os cabelos dos olhos e surpreendia-se a cada piscar. Entre as árvores que produziam a alameda pela qual seguia, ele ainda podia curtir os níveis de perspectiva que (aqui e agora) seus olhos faziam descrever. Ao horizonte distante, estava certo que seria essa a simples beleza das ordinárias tardes de sol.

Porém, mesmo completo faltava.

Foi então que propositalmente ela apareceu. Era senhora dos clichês românticos. Corria desmanchando todo equilibro rítmico do seu coração. Ele não se importava. Com ela, a falta era completa.

O concerto natural da beleza de olhar os brilhos que compõem o cenário lúdico de suas rememorações infantis eram todos eximidos a favor do simples perfume de seu sorriso. E então, permitia-se mais. Sua interpretação das coisas se reduzia. Limitava-se. Tornava-se única. Ela. Ao horizonte mais próximo de tudo - os olhos dela - ele, novamente, estava certo que seria simples a beleza das extraordinárias paixões de verão. O sublime não lhe fazia parte. Não lhe era digno.

Assim como o pouco espaço de suas palavras todas em ordem de pensamento. Desejava que ao menos elas, fossem eternas. Pois tudo, ele sabia, havia de se acabar. Como aquele sonho. Em segundos, ao se dar conta do sonho bom. Abriu os olhos. Reconheceu a inércia das madrugadas frias em que se transformara sua rotina. Moveu levemente à direita sua cabeça. Fitou a parede branca, as outras camas brancas. Alguns gritos que representavam a realidade.

Sonhos são piadas de mau gosto, debocham de mim. Resignou-se em aceitar que as ironias da vida não obedecem muros, grades ou estados mentais. Não sorriu e, também, naquela noite, não dormiu, o interno da ala B.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Paradoxalmente antitético


Vem comigo. Dê-me sua mão... Feche os olhos, é hora do mergulho. Por que é tão difícil fitar o simples? Porque ele não se fita, se sente. Já não dizem: "Ou toca, ou não toca?" Portanto, seja sinestésica. Agora, escute o desconcerto aqui de dentro. Saboreie o gosto amargo que ficou na tua boca. Veja a cegueira provocada por essa luz intensa. Arrepie com essa dor inconstante. Respire o perfume de nossa distância. Pronto, já disse tudo o que queria que você esquecesse. Tenha saudades do que nunca fomos.

[...]



sexta-feira, 16 de outubro de 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Sequência

Escute: pare agora! Estamos sobre o ápice.
    Saiba que a descida há de ser penosa e dolorosa.
        Certamente já ouvira: "pra baixo todo santo ajuda"!
            Atenção, saturado digo: "pra santo, toda ajuda é baixa"!
                Desista, pois não quero desvirtuar a fé cega de ninguém.
                    Amiga, peço apenas que nossas lógicas não nos frature.
                    Aquela perspectiva concretista de ser simples de coração.
                Bestifica-me em querer, em saber que ser tudo é ilusão.
            Assim construo a minha santíssima trindade:
        Inocente, puro e besta, como poucos já foram.
    Xeque-mate em suas poucas esperanças?
Oremos, somos errados aqui no chão.

sábado, 10 de outubro de 2009

Vassalo


J.C. não era um dos mais responsáveis, mas sabia, exatamente, o que fazer com suas mãos ao deslizá-las no corpo de V.. Ele olhava bem para aquela silhueta. Há tempos desejava. Hoje... a vitória. Não sabia por onde começar. V. parecia muito, apesar de pouco. Muito pelo que simbolizava. Uma das garotas que mais habitavam os sonhos de seus colegas de colégio. Muito provavelmente, era o que estimulava, também, a redundância de movimentos feitos pelas mãos dos mesmos. Pouco, porque era 54kg muito bem distribuídos em 1.68m.

Não. J.C. não precisaria mais de redundâncias. V. era sua.

Ele a mirava, procurava caminhos que o guiassem rumo ao prazer. Como se fosse preciso... Ela ali estava. Ele preparava a mão. Queria descê-la entre os cabelos de V. e, provavelmente, apertá-la. Talvez, ela até quisesse isso. Mas nesses momentos não há espaços para talvez. Ele tinha uma responsabilidade imensa. E, talvez, novamente, só por isso, aquele prazer não era mais intenso. A responsabilidade o mantinha com os pés no chão. Preso a realidade do dia seguinte. O sorriso de quem conseguiu, estampado em seu rosto. O sorriso que também deveria ser dela, ao glorificar-se por ter dado oportunidade a um relis mortal que fizesse jus a chance.

Era um emaranhado de pensamentos, responsabilidades e desejos que miravam todos ao prazer. J.C. que não era um dos mais responsáveis e decidiu começar pela boca. A sua. Que beijava a nuca de V. e, logo depois, descia sua língua pelas costas dela em movimentos tortuosos que se assemelhavam ao de uma cobra, rastejando pelo deserto, em busca do alimento, da fonte de energia e da essência vital que só a adrenalina oferece. J.C. sabia que o caminho era estimulá-la. Até o fim. E ele, assim, tentava fazer. Era meio inseguro. J.C. não era um dos mais responsáveis e isso, afinal, pesava.

Ele sabia de suas condições limitadíssimas. Ele sabia que, talvez, era aquela sua única chance de fazer diferente. De ser marcante. Sabia que de todos os amigos ele tivera a única chance. Sabia, muito bem, que poderia virar a chacota do colégio. Sabia que uma má atuação ali, poderia marcar sua vida, que seria então comer apenas putas gordas por um pouco de prazer e pela falta total de dignidade. Ele sabia que aquele momento estava limitando sua vida em a.V. e d.V.. Ele sabia...

- Ei J.. Pare de olhar para o céu. Deite aí e eu te mostro como faz.

V. arrancou as calças dele. Rasgou a sua camisa. Beijou-o até, levemente, tirar sangue. Apertou bem o que tanto ele temia ou desejava. Segurou e disse: - Você é meu hoje. Sabe que é hoje. Vai perder tempo refletindo questões metafísicas e de transcendência? Meu bem, há sim coisas entre o céu e a terra que você nem imagina, porém hoje eu quero dar pra você. Venha! E sugiro que faça deste momento eterno enquanto "dure".

J.C. não era um dos mais responsáveis. Nem um dos mais habilidosos. Talvez, nem mesmo um dos mais esclarecidos. Mas naquela noite... naquela noite, bastava ser ele: J.C..

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Intensidade - Parte II


Afunda! E me escuta:

Movimenta os braços em busca de ar?!
Em busca de algum sentido bobo que o leve para cima?
Desejava de todo o coração que o coloquem em frente de seus prazeres e anseios mais íntimos?
Quer que escarrassem em sua boca?

Sabe muito bem que esses escarros seriam o fel de toda sua vida jogada ao desdém!

Tudo é rápido!

A velocidade vertiginosa determina o mergulho fracassado que é o hábito de viver em você.
Este vício. Este nojento e repugnante vício que eu tenho de você.

Este abismo que você se habituará a chamar pela alcunha de corpo. Este está podre e perdido.

Ambos formam este signo esquecido e irrelevante: você. Porém a isso você também se habituou a saber.

Penetro surdamente no reino das coisas fugidias. Encontro você. Tento ter calma, tento ser paciente. Você não permite. Você parece gostar. Estes novos ou velhos (?) hábitos que você carrega, põe em frente ao peito, na ponta da língua e diz orgulhoso: - Este sou eu. Sou assim! Me aceita...
Justificar
Ah!!!!! Eu sinto vontade de te estrangular apertar bem seu pescoço ver teus olhos saltando em minha boca ver a tua boca pedindo ar ver uma expressão, uma única expressão que revele sentimento nem que este seja o desespero talvez assim, nesse instante você aprecie a vida e eu finalmente estaria limpo... um sonho... uma piada sem graça e um tanto quanto perigosa que me habituei a gargalhar...




Hoje sou assim: doente de você!



Olho na tua cara porque é hábito olhar.
Odeio-te porque é hábito odiar.
Sinto que me perdi porque é habito perder com você.
Cansei de mim porque amei você!

domingo, 4 de outubro de 2009

Intensidade - parte I


Ele seguia em frente como se soubesse exatamente que não era dalí. Falava, gesticulava, articulava, esclarecia e respirava tudo - absolutamente tudo - e, mesmo assim, não lhe diziam o menor fascínio.

Fazia porque era hábito fazer.
Vivia porque era hábito viver.
Sentia porque era hábito sertir.

Fazia do hábito uma prática diária cotidiana redundantemente insatisfatória. Mas seguia. Era seu hábito.

Por mais que ele quisesse ser diferente, não conseguia. Estava pragmático. Programático. Estático. Via tudo a sua frente geometrizado. Só não via mais graça, tédio ou angústia porque como já se sabe: era seu hábito.

(Todavia, como se faz aqui uma ficção nada conveniente em ser um hábito de quem a produz)

Sonhava...

Um dia todo pra si reiventar. Desconstruir. Ele olhava a sua volta. Fez das mãos um instrumento de percurssão. Seguia as batidas do coração. Elas aceleradas. Porque não era hábito sonhar. Via um tempo ameno, céu azul, natureza em harmonia com seus desejos. Os desejos se faziam misteriosos, eróticos e inéditos. Os perfumes, os olhares, as moças bonitas. Tudo inspirava. A música acelerava e ele de repente e não mais que de repente sentia que dessa vez valeria a pena.

Quebrar aquela rotina criada para esconder a decepção que foi perder para si mesmo. A derrota que foi reconhecer que era humano ridículo e limitado. Ela... humana, ridícula e limitada, parecia bem mais. Infinita dentro de sua normalidade. Lembrará sempre dela, àquela normalidade o tornará dor. Ele fez assim. Transformou aquele fato em trauma. Entretanto não era momento. Aquilo poderia ser diferente. E seria. O hábito é que não existia tempo.

Quando de repente e novamente de repente, se fez o hábito fatídico de se acordar. E o cotidiano é o que nos resta.

Levantou porque era hábito levantar.
Definiu o sonho como uma piada sem graça como era hábito definir.
Olhou no espelho porque era hábito olhar.
Desistiu de sua cara porque era hábito desistir.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tenho fúria e escrevo


Maldita vontade de representar
com palavras o que é
evidentemente
claro em meu coração.

Não é necessário nenhum tipo de justificativa.
A arte não se importa
definitivamente
não se importa
malabarismos retóricos são irrelevantes

Você não se importa! Quem se importa? Por que importar?
Importar... importe o desejo sujo e sagaz de invariavelmente gritar!
De sempre voltar
pedir e implorar
dê-me atenção!
não!
me dê atenção!

rasgue-se nos meus clichês
e novamente...

delicía-te
nela
na queridíssima e
não bem vinda
carência

pois é ela
quem
ainda te faz
poesia.
Não a minha!
Você!
Tenho fúria
e escrevo!

sábado, 26 de setembro de 2009

High Tech


O cansaço é o ranso
que escorre ao rosto
uma gota,
uma gotícula,
intrusa na harmonia
do expressionismo
de minha face.

marcada
pela monótona
aventura
intensa do dia a dia

de ser? viver? exercer?

o compromisso
de tentar
ousar

ser... viver... exercer...

algum papel
ficcionalmente
sugerido
pela realidade

de ser viver exercer

Teu
Eu
Meu
Seu

bem...
ah!!