Em uma sexta-feira despretensiosa, dois amigos, sentados um a frente do outro, começam uma conversa sem finalidades convencionais. Bebem enquanto o amigo mais novo, atentamente, escuta o amigo mais velho. Esta poesia inserida em uma canção foi um dos pormenores de tal diálogo, que logo torna-se-á uma ficção. Por ora, os deixo com a inspiração:
[...]
Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo (além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar... Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora...
"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa"
poesia retirada de Fado Tropical.
2 comentários:
Adoro seu blog.Seus textos são ótimos.Criativos,intensos e sinestésicos.Uma pena que sua última atualização tenha sido a tanto tempo[dezembro].Não pare.Continue com esse vício maravilhoso.Deixou pessoas com saudades de ter uma intrigante e boa leitura.
pq ficou todo esse tempo sem postAR ?? (desculpe a curiosidade)
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