terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sensibilidade

I - Prólogo da aprendizagem

Em uma sexta-feira despretensiosa, dois amigos, sentados um a frente do outro, começam uma conversa sem finalidades convencionais. Bebem enquanto o amigo mais novo, atentamente, escuta o amigo mais velho. Esta poesia inserida em uma canção foi um dos pormenores de tal diálogo, que logo torna-se-á uma ficção. Por ora, os deixo com a inspiração:

[...]

Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo (além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar... Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora...

"Meu coração tem um sereno jeito

E as minhas mãos o golpe duro e presto

De tal maneira que, depois de feito

Desencontrado, eu mesmo me contesto

Se trago as mãos distantes do meu peito

É que há distância entre intenção e gesto

E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto

Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa

Mas meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta

Mais que depressa a mão cega executa

Pois que senão o coração perdoa"


poesia retirada de Fado Tropical.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adoro seu blog.Seus textos são ótimos.Criativos,intensos e sinestésicos.Uma pena que sua última atualização tenha sido a tanto tempo[dezembro].Não pare.Continue com esse vício maravilhoso.Deixou pessoas com saudades de ter uma intrigante e boa leitura.

Anônimo disse...

pq ficou todo esse tempo sem postAR ?? (desculpe a curiosidade)