segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Ensaio


Regresso - Parte II


Quando minha paranóia terminou o último trago do cigarro, saí correndo em direção ao prédio. O porteiro quis comentar o jogo de ontem. Há tempos não vejo futebol. Há tempos só quero sexo barato, bebidas e cigarro. Há tempos acho que venho me destruindo. Há tempos estou esquecido. No elevador tentava resgatá-la na lembrança. Puta não. Puta ela não pode ser. Chega de puta! Nunca fui cara que precisou de puta! Eu acho.

Enquanto refletia sobra as mulheres com quem me deleitava a porta do elevador abriu. “Amor?! Você já voltou? Se você quiser, eu volto para a cama com você, safadinho!” Olhei pra bolsa dela. Estava bem maior do que quando jogada no chão do meu quarto. Não hesitei. Dei um soco no nariz dela. O sangue jorrou. Ela gritou. “Tá loco seu filho da puta! Ta drogado! Você tem noção do que você está fazendo?! Você é louco?! Vai bater na mãe! Filho da puta! Meu nariz!! Você quebrou meu nariz!! Aquele grito apenas confirmava o roubo. E ela gritava. E ela xingava. O “meu amor” barato e sujo de porra metamorfoseou-se para um “filho da puta” chicletinho mascado marginal da Augusta. Outro soco. Ela caiu. Realmente tinha quebrado o nariz dela. Com o outro soco dado no nariz (outra vez!) pude sentir os ossos decompostos. Fora de ordem. Era o terceiro soco? me perguntava. “Filho da puta!!! Covarde?! Por quê?!" Aqueles gritos de manhã pediam outra vodka. Chutei a cabeça dela. Silêncio. Manchas de sangue na minha camiseta. Maria teria que limpá-la com alvejante. O branco ficaria opaco. O branco pode ficar opaco? Ela estava desmaiada no chão. Que merda, isso tudo vai dar trabalho. Puta ladra do caralho, até eu explicar para a polícia que a vagabunda me roubava. Isso vai ser problemático. O apartamento estava todo bagunçado. Cheio de garrafas pelo chão. Não que Maria não o limpasse. Mas a noite passada deveria ter sido agitada. Não me lembro. A cabeça dói. Outro cigarro. Droga! Esqueci de comprar o isqueiro. Aonde vou arrumar fogo. Preciso voltar para o apartamento. Preciso levá-la

Carreguei a puta ensangüentada de volta ao quarto. Abri a bolsa dela pra pegar meus CDs. Achei um isqueiro. Acendi o cigarro. Por acaso a bolsa da puta tinha Os Miseráveis. Puta lendo Hugo?! Achei artigos acadêmicos. Material de análise literária dados em minhas aulas. A cabeça doeu mais. Uma aluna. Precisaria de outro cigarro e um Doril...

3 comentários:

Rodrigo Mota disse...

SEM LIMITES!!

_AkiraMARU!_ disse...

o____O vc eh assim? digo, vc vai ser assim ?

Anônimo disse...

você só pode ser um virgem mesmo, não é? uma criança que fica assistindo os filmes pornôs do pai. vai estudar menino